Por: Professora da Millennium Sari Koivukangas, Finlândia, Mestre em Ciências e Coordenadora de pós-graduação em inglês Conflict Management
Segundo o criador do método terapêutico utilizado na Millennium, Dr. Norberto Keppe, a consciência é um fenômeno intermediário entre o sentimento e o intelecto, dependendo dos dois para se fazer valer – do primeiro (o sentimento), como base e do segundo (o intelecto), como a sua manifestação, e juntos formam o terceiro elemento que é a ação (realização). A consciência também é dialética: ao perceber os próprios erros, o individuo também percebe a grandeza de Deus e o vasto universo de bondade, verdade e beleza.
Para Keppe, a consciência do erro é maior fonte de energia escalar, da vida. Cada vez que o aluno aceita alguma consciência, há alterações profundas na sua estrutura psicofísica. Isso porque a inconscientização cria um bloqueio no aluno que impede a entrada da energia escalar, e a sua conscientização subtrai os motivos que impedem o funcionamento correto das energias. Exemplos comuns de desbloqueio na sala de aula são os alunos que percebem o seu grau de narcisismo; na hora de se expressarem, estão mais preocupados com a sua imagem do que com a mensagem ou o interesse do outro. Outros verificam o seu grau de arrogância ao não quererem ouvir ninguém ou acharem que já sabem tudo. Alguns chegaram a perceber a sua inveja universal contra todo o bem na vida, que os levava a ver o mundo e os estudos de uma forma muito negativa. Todos eles, ao conscientizarem os bloqueios, modificaram sua existência, pois é praticamente a consciência que determina a existência do ser humano e este é o caminho da libertação da humanidade.
A metodologia de Keppe visa fundamentalmente à consciência dos erros, que cometemos, que é concomitante à visão de todo o bem, que não fomos nós que criamos. Asssim, o erro ou patologia é visto como uma deturpação, alteração ou omissão ao que é o correto – conceito que se baseia na metafisica: “O mal é a privação do bem”, sendo tudo que foi criado bom em si. Keppe escreve no livro Metafísica I – Libertação do Ser:
Desde 1977, venho trabalhando o que denominei consciência dos erros, mostrando que o ser humano tem de saber o que faz de errôneo para realizar o certo; a partir do ano de 1992, completei essa orientação e passei a esclarecer que o homem se opõe ao bem, ao belo e ao verdadeiro, inclusive, negando suas qualidades e dons – o tempo todo estragando a si mesmo. E claro que continua vendo seus enganos, mas dentro da dimensão perfeita do ser – que lhe dá a oportunidade de comparar o errado com o certo, como a única possibilidade de viver a realidade.
Em qualquer processo de aprendizado, o importante é a conscientização da patologia para que o ser humano volte à sua natureza original boa, bela e verdadeira deixando o conhecimento brotar do seu interior. A questão não é tanto de conscientizar o aluno do erro, de ficar falando dos seus erros, mas principalmente ajudá-lo a deixar a sua censura. Por exemplo, o aluno que faltou de muitas aulas e promete ao professor melhorar e estudar bastante no próximo final de semana na sua ida para a praia, nada mais está fazendo que censurando a sua percepção de como é relapso e apresenta imperfeições com seus compromissos. O professor sem consciência que não lida com esses aspectos em si mesmo, vai reforçar a mascara e hipocrisia do aluno ao acreditar nas ideias delirantes. Por outro lado, o professor mais tolerante, interiormente comprometido com a verdade, vai permitir o aluno se conscientizar essa situação.